O Inventário Nacional de Referências Culturais - INRC é um instrumento de produção de conhecimento e documentação utilizados pelo Iphan para a identificação de bens culturais de natureza imaterial. Através dele são identificadas as referências culturais, ou seja, aquelas práticas e bens culturais considerados os mais importantes para uma comunidade porque articulam sentidos de pertencimento e de identificação, dizem respeito à memória e à identidade das pessoas que neles se reconhecem. As referências culturais são identificadas em cinco categorias: Celebrações, Ofícios e Modos de Fazer, Lugares, Edificações e Formas de Expressão.
Realizado em três etapas com graus diferentes de aprofundamento (Levantamento Preliminar, Identificação e Documentação), o INRC também contribui para a mobilização dos grupos envolvidos, além de gerar subsídios para a gestão de políticas públicas. O inventário pode ser desenvolvido com o objetivo de identificar as referências culturais existentes em um determinado território – um município ou região, por exemplo; ou para conhecer um tema ou uma referência cultural específica – como uma festa, um lugar ou um conjunto de saberes. Nesse caso, a pesquisa se concentra no tema eleito, podendo ser identificadas também outras referências culturais a ele associadas. Os inventários podem ser muito diferentes entre si, tanto nos temas, quanto na abrangência e na quantidade de bens pesquisados.
O INRC dos Mestres Artífices em Santa Catarina faz parte de um projeto desenvovido em parceria com a UNESCO, que tem, entre seus objetivos identificar e documentar saberes tradicionais relacionados à construção vernacular, assim como mapear mestres e oficiais, tendo em vista a possibilidade de implantação de outras ações de salvaguarda. O escopo dessa ação prevê inventários em seis regiões do país – até o momento foram realizados em MG, PE e SC, estando em curso mais uma etapa, agora na Bahia. Além da identificação dos saberes e práticas tradicionais, o projeto ainda contemplou a documentação da história de vida e formação dos mestres e oficiais. Neste inventário o estado foi dividido em várias regiões: o Planalto Serrano (municípios de Bom Retiro e Lages), Vale do Itajaí (Ascurra, Ibirama, Rio do Sul, Jaraguá do Sul, Blumenau, Timbó, Rio dos Cedros e Pomerode), Planalto Norte (municípios de São Bento do Sul, Itaiópolis, Canoinhas, Mafra, Porto União e Rio Negrinho), Vale do Tijucas (Nova Trento), Grande Florianópolis (municípios de Santo Amaro da Imperatriz e Florianópolis), Meio Oeste e Sul Catarinense (municípios de Lauro Muller, Urussanga, Orleans, Pedras Grandes, São Martinho, Vargem do Cedro, Morro da Fumaça, Morro Grande, Sangão, Azambuja, Cocal do Sul). Foram entrevistados cerca de 20 mestres e 85 oficiais, resultando na identificação de 13 bens culturais na categoria Ofícios e Modos de Fazer.